Por quê Alguns Tipos de Personagens Só Podem Ser Homens?

Shakesville é um blog feminista. Uma questão colocada nesse blog me intrigou.

Recentemente eu vi "As Vantagens de ser Invisível", por que aproximadamente onze milhões de pessoas me disseram que eu TINHA que assistir, e/ou ler o livro no qual é baseado, por causa dos "The Smiths"! E Bowie! E Rocky Horror! Que são todas coisas que amo, mas eu não amei o filme. Há muitos problemas com ele, não vou entrar em detalhes, por que não tem a ver com o post.

Mas a razão principal pela qual eu detestei o filme foi por que EU JÁ VI A MINHA COTA DE FILMES SOBRE O AMADURECIMENTO DE GAROTOS AMERICANOS BRANCOS E PRIVILEGIADOS. E as garotas perdidas que os salvam. E as mulheres adultas que os arruinam. E os espantosos professores ingleses que sabem que um dia eles serão grandes romancistas.

Basta! Esse gênero já deu! Indústria Cinematográfica Americana: Por favor, desista!

De qualquer jeito, eu estava pensando sobre como há milhares de gêneros diferentes que entram na definição de "merda formulaica que eu não quero mais ver de novo," e eu aposto que não estou sozinha, então este é um fórum para se discutir isso! Vamos! 

Um dos comentários foi a seguinte, o nome da comentarista é "kittenofthebaskervilles":

Qualquer filme ou série de TV onde um personagem que meu grupo de amigos(as) define como "Dr. Sherlock House". Você o conhece, eu aposto. Ele é aquele cara (branco heterossexual) que é durão e/ou babaca com todo mundo em qualquer oportunidade, mas é perdoado sempre por que ELE É TÃO MARAVILHOSO E ESPERTO E CARISMÁTICO E ESPECIAL E TUDO MAIS. Ele frequentemente tem uma mulher como sidekick para seguí-lo por todo lugar, desculpar-se para com todas as pessoas que ele ofende e olhá-lo com admiração/idolatria quando ele finalmente resolve o Grande Mistério e salva o dia (às vezes o papel de coadjuvante é interpretado por outro homem branco heterossexual, mas se isso acontecer os fãs vão sempre pensar que ele talvez tenha alguns sentimentos escondidos pulsando pelo Dr. Sherlock House). Pode ir de Capitão Kirk no reboot de Jornada nas Estrelas na sua encarnação mais extrovertida até o Sherlock da BBC na sua faceta mais introvertida, e ele nunca, nunca pode ser interpretado por uma mulher por que nós já temos uma visão em nossa cultura sobre mulheres incisivas que não se focam em cuidar das necessidades emocionais de outras pessoas o tempo todo e não é uma visão muito boa.

Minha primeira reação a esses comentários, já que sou homem, é achar que só poderiam ter partido de feministas mal-humoradas, mas a verdade é que elas têm uma razão para reclamar: elas não se sentem representadas por esses personagens.

A questão é que a ficção sempre lidou com o senso comum do público e mesmo esses personagens sendo repetidos em diversas encarnações, não faz com que os filmes e as séries baseados neles sejam ruins. O Sherlock da BBC é uma grande série de TV. No entanto, existe sim uma grande limitação de tipos de personagens, principalmente nos filmes e séries que querem lidar com o grande público e isso às vezes pode ser doloroso para quem não se sente representado por esses personagens. 

Mas vamos para a razão principal para este post estar aqui: analisando essas questões, um roteirista pode chegar a personagens mais originais? Sim. Ao tomar consciência da opinião de outras pessoas, que vão ser diferentes da sua, isso pode dar idéias para testar coisas que você nunca testaria se dependesse apenas da sua opinião. E personagens totalmente diferentes dos que você imagina normalmente podem nascer dessa experiência. Por que não um "Dr. Sherlock House" mulher, mas com características de mulheres arrogantes e inteligentes e que sofra as reações que uma mulher desse tipo sofre no mundo real?

Aqui está o link para o post: http://www.shakesville.com/2013/10/discussion-thread-played-out-film-genres.html#comment-1086913992