Rubens Rewald é roteirista e dramaturgo (além de diretor e professor). Dirigiu e roteirizou os longas "Corpo" e "Super Nada" com Rossana Foglia. Escreveu o roteiro do longa "Hoje" de Tata Amaral com Jean-Claude Bernardet e Felipe Scholl. E dirigiu com Tales Ab´Saber o documentário "Esperando Telê". Entre as peças que escreveu estão "Narraador", "Do Gabinete de Joana" e "umBigo".
1-Qual seu Filme / Série / Livro favorito?
(sim, é uma pergunta injusta e cruel, mas serve como indicação para outras pessoas )
RUBENS:
Filme:
Jules & Jim, François Truffaut
Série:
Agente 86, Mel Brooks
Livro:
O Tempo e o Vento, Érico Veríssimo
2- Se pudesse citar apenas um livro ou manual de roteiro / dramaturgia, qual seria?
RUBENS: Não
sou fã de nenhum, mas, se for pra escolher um, o Manuel ou o primo
pobre dos Manuais, do Leandro Saraiva & Newton Cannito.
3-Escolha apenas um: Personagem, Trama ou Tema?(sim, outra pergunta injusta e cruel, mas é legal para saber qual o foco de cada roteirista)
RUBENS:
Personagem:
Paulo Martins, Terra em Transe, Glauber Rocha
Trama:
A Separação, Asghar Farhadi
Tema:
Her, Spike Zonze
4-Agora, um filme nacional com roteiro para ser lido, relido e estudado
RUBENS: São
Paulo SA, Luis Sergio Person.
5- Um filme estrangeiro com roteiro para ser lido, relido e estudado
RUBENS: A
Primeira Noite de um Homem (The Graduate), roteiro de Buch Henry e
Calder Willingham.
6- Ao escrever uma cena, o que é mais frequente aparecer para você: uma imagem, um diálogo ou uma ação? Existe alguma hierarquia na sua opinião?
RUBENS: Não. Às vezes é o dialogo que orienta, às vezes é uma imagem, às vezes é
uma ação e muitas vezes é a necessidade do personagem.
7- Qual o maior número de vezes que você reescreveu um roteiro? Qual era o maior problema desse roteiro?
RUBENS: O
que estou escrevendo agora, SEGUNDO TEMPO. É difícil encontrar o tom
certo da relação entre os dois irmãos protagonistas e entre isso e
os acontecimentos do filme, mas a gente chega lá!!
8-Quando você enfrenta um bloqueio na escrita, o que faz?
RUBENS: Paro,
dou um tempo, às vezes saio pra caminhar e pensar, às vezes tomo um
whisky ou outro aditivo, enfim, ficar sofrendo em frente ao
computador não vai adiantar.
9- Você tem um "leitor de confiança" para as coisas que escreve? Se tiver, quem é e por que o escolheu?
RUBENS: Tenho
alguns que sempre mostro. O principal é Jean-Claude Bernardet, que
foi meu professor, orientador e hoje é um amigo e parceiro. Seu
olhar é sempre preciso e surpreendente. E sua sinceridade européia
é sempre bem-vinda. Fala as coisas sem rodeios.
10-Costuma fazer pesquisa? No que consiste a sua pesquisa?
RUBENS: Sim,
é importante pesquisar. As fontes são as mais variadas:
livros, jornais, google, entrevistas, depende do que preciso saber ou
conhecer mais. Gosto de entrevistar, ouvir depoimentos pessoais.
11- Quanto tempo demora geralmente para escrever um roteiro? Se cada caso for um caso, dê um ou dois exemplos.
RUBENS: Realmente,
cada caso é um caso. Ainda mais que geralmente escrevo pra mim
mesmo, então enquanto o projeto não é filmado, estou sempre
reescrevendo. SUPER NADA, fiquei escrevendo por cinco anos. HOJE,
também por cinco anos. Claro, com pausas, muitas vezes ficava meses
sem mexer no roteiro, daí retrabalhava.
12-Qual o maior defeito e a maior qualidade de um roteirista?
RUBENS:
Defeito:
Falta de comprometimento. Escrever um roteiro é se jogar na
história, nos personagens, um exercício de imersão. Não dá pra
criar superficialmente, de qualquer jeito.
Qualidade:
Saber descrever uma ação, uma imagem, um personagem. Um grande
roteiro é quando você o lê e vê o filme em suas páginas.
13- Qual é a melhor "escola" para um roteirista? Qual foi a sua "escola"?
RUBENS: A
minha escola foi uma escola mesmo. Ter aulas na ECA, com Jean-Claude,
Ismail Xavier, Calil, Maria Rita Galvão, Wilson Barros, me fez ver o
cinema de maneira mais apaixonada e com um maior comprometimento com
a criação. Outra escola importante na minha vida foi o teatro,
trabalhei bastante tempo como dramaturgo no teatro paulista, em
processos colaborativos. Nesse tipo de criação, o dramaturgo está sempre escrevendo e reescrevendo, experimentando, e nos ensaios você já vê o resultado de sua escrita com os atores. Isso foi
fundamental. Creio que hoje, com os coletivos de cinema e com o
digital, seja possível fazer isso também no cinema e eu recomendo!
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