Páginas

quinta-feira, 3 de julho de 2014

13 QUESTÕES PARA DOUG RICHARDSON


É isso mesmo! "Sobre Roteiros e Roteristas" também entrevista roteiristas estrangeiros. O primeiro a abrilhantar esse blog é o roteirista e escritor Doug Richardson. Entre seus trabalhos podemos citar: "Duro de Matar 2", "Bad Boys", "Refém", "Uma Eleição Muito Atrapalhada" e "Assalto Sobre Trilhos". Também é escritor e seu último livro lançado se chama "Blood Money". Se quiser saber mais sobre ele acesse seu blog: www.dougrichardson.com

1-Qual o seu Filme / Série / Livro Favorito? (uma pergunta injusta, mas serve como referência para as outras pessoas)
Doug: Sim. É uma questão terrivelmente injusta. Vamos começar com o filme. No momento é "Era Uma Vez no Oeste". Mas é melhor ver antes a trilogia de Sergio Leone/Clint Eastwood para ser melhor apreciado. Série de TV? Eu diria "The Wire". E livros, é provavelmente o mais difícil e o mais fácil. Não-Ficção seria a Bíblia. Ficção é mais difícil. Eu ainda adoro "A Hora da Zona Morta" do Stephen King. Tem estado bastante na minha memória ultimamente.

2-Se você pudesse citar apenas um livro/manual de roteiro, qual seria?
Doug: Eu li vários livros sobre roteiro e não posso dizer que os aprecio muito. Então eu sugeriria "Adventures in the Screen Trade" do William Goldman. São histórias do autor e foi esse estilo que eu tentei emular ao criar meu blog. Há muito mais para aprender de histórias contadas por escritores profissionais do que livros de "como fazer" escritos por aqueles cujo maior sucesso foi ser publicado com a pecha de "expert" em roteiro.

3-Se você pudesse escolher apenas um, qual seria: Personagem, Trama ou Tema? (outra pergunta injusta, mas é bom para saber o foco do roteirista)
Doug: Personagem, com certeza. Mas talvez você não tenha pensado nisso ao ler um pouco do trabalho pesado que faço em relação à trama. Mas sem personagens com os quais você possa se engajar por duas horas, um filme pode ser uma experiência excruciante.

4-Um filme americano para ser lido, relido e estudado.
Doug: É uma lista longa, separada por gênero. E acredito que é uma armadilha para um escritor sugerir apenas um. Acho que cada um deve encontrar o filme que fale com você e estudá-lo de cabo a rabo. Para mim, provavelmente citaria "O Poderoso Chefão 2". Não me lembro de um filme que tenha visto mais vezes. E eu tiro alguma coisa nova toda vez que vejo. Também estou assistindo "Fargo" e "Onde os Fracos Não Tem Vez" para entender melhor como construir tensão.

5- Um filme estrangeiro para ser lido, relido e estudado.
Doug: De novo, "Era Uma Vez no Oeste". Especialmente a sequência inicial com seu uso do "close-up" e de todo aquele som feito na pós-produção. Além, é claro, de Jack Elam e aquela mosca chata e maldita. Perfeito.

6-Escrevendo uma cena, o que vem primeiro: uma imagem, um diálogo ou uma ação? Na sua opinião, há uma hierarquia?
Doug: Suponho que depende da situação, do roteiro e da cena. Mas o que surge geralmente é o diálogo, para ser trabalhado e reduzido. Tendo trabalhado com muitos atores, você começa a perceber o que funciona nas suas bocas. E tendo menos diálogo, mais eles podem trabalhar com suas outras características. E é sempre um bônus. Então é o diálogo que eu trabalho continuamente.

7-Qual o maior número de tratamentos que você escreveu para um filme? Qual era o problema com o roteiro?
Doug: Não me lembro exatamente. Dez? Doze? Vinte? Com "Black Water Transit" (que nunca foi produzido) eu tive que reescrever várias vezes por mudanças na locação. E com "Duro de Matar 4" (depois chamado de "Live Free or Die Hard") trabalhei por um bom número de versões. Isso por que aparecem questões como, "Deveríamos fazer um Duro de Matar 4? Se sim, o que o fará relevante? Importante para a franquia? De qualquer jeito, eu nunca me dei conta que ninguém levava essas perguntas a sério a não ser eu."

8-Quando tem um bloqueio, o que faz?
Doug: Não é comum. Às vezes fico bloqueado, mas tem mais a ver com mudanças na trama que tenho que fazer enquanto escrevo. Todos os escritores têm os seus truques. Para mim é andar de carro por longas distâncias, ver um filme, uma caminhada silenciosa sozinho por um campo de golfe, ou algo tão simples quanto tomar uma ducha. Apenas tenho que me prevenir contra as contas da água quente.

9-Você tem um "leitor de confiança"? Se sim, quem é e por que o(a) escolheu?
Doug: Sim. Minha mulher. Ela pode não ser a leitora mais articulada - ergo entender estrutura narrativa etc. - mas ela vai me dar a resposta mais rápida e honesta. Bom. Mau. Ou péssimo.

10-Você tem o costume de fazer pesquisa? No que consiste a pesquisa?
Doug: Conforme a necessidade. Se estou escrevendo sobre algo que sei pouco, eu pesquiso bastante. Se estou escrevendo sobre algo familiar, é só fazer a matemática.

11-Quanto tempo você leva para ter a versão final de um roteiro? Se depende, por favor, me dê um exemplo.
Doug: Depende do roteiro. Por exemplo, eu trabalhei em uma comédia romântica não muito tempo atrás. A ação era secundária. A parte do romantismo, não havia muito. Isso me fez levar mais tempo por que eu estava mais precavido. Mas geralmente eu levo de oito a dez semanas para entregar uma versão. Não a versão final. Nenhum roteiro acaba antes do filme estar pronto.

12-Quais são as melhores e as piores características de um roteirista?
Doug: Ética de trabalho, casca grossa, habilidade para ser flexível enquanto reescreve um roteiro de novo e de novo enquanto luta para manter o filme como o roteirista o imagina. O pior é basicamente o contrário do que foi descrito.

13-Qual a melhor "escola" para um roteirista? Qual foi a sua "escola"?
Doug: A escola da vida. A escola dos filmes. Fora isso, não acredito que nenhuma escola possa ensinar roteiro. Há instituições que fornecem lugares onde escritores possam aprender e praticar sua técnica, e o melhor é que faz os escritores escreverem, aceitarem críticas para que reescrevam e repitam tudo de novo. Minha escola? Eu cursei a USC no tempo em que eles tinham um programa de roteiro de verdade . Era apenas "filmmaking" (nota do blog: USC é University of South California; hoje em dia há outros cursos lá além dos relativos ao Audiovisual). Um grande ambiente. Mas, de novo, tem que ser um lugar onde o artista pode formar a si mesmo.


Nenhum comentário:

Postar um comentário