É isso mesmo! "Sobre Roteiros e Roteristas" também entrevista roteiristas estrangeiros. O primeiro a abrilhantar esse blog é o roteirista e escritor Doug Richardson. Entre seus trabalhos podemos citar: "Duro de Matar 2", "Bad Boys", "Refém", "Uma Eleição Muito Atrapalhada" e "Assalto Sobre Trilhos". Também é escritor e seu último livro lançado se chama "Blood Money". Se quiser saber mais sobre ele acesse seu blog: www.dougrichardson.com
1-Qual
o seu Filme / Série / Livro Favorito? (uma pergunta injusta, mas
serve como referência para as outras pessoas)
Doug:
Sim. É uma questão terrivelmente injusta. Vamos começar com o
filme. No momento é "Era Uma Vez no Oeste". Mas é melhor
ver antes a trilogia de Sergio Leone/Clint Eastwood para ser melhor
apreciado. Série de TV? Eu diria "The Wire". E livros, é
provavelmente o mais difícil e o mais fácil. Não-Ficção seria a
Bíblia. Ficção é mais difícil. Eu ainda adoro "A Hora da
Zona Morta" do Stephen King. Tem estado bastante na minha
memória ultimamente.
2-Se
você pudesse citar apenas um livro/manual de roteiro, qual seria?
Doug:
Eu
li vários livros sobre roteiro e não posso dizer que os aprecio
muito. Então eu sugeriria "Adventures in the Screen Trade"
do William Goldman. São histórias do autor e foi esse estilo que eu
tentei emular ao criar meu blog. Há muito mais para aprender de
histórias contadas por escritores profissionais do que livros de
"como fazer" escritos por aqueles cujo maior sucesso foi
ser publicado com a pecha de "expert" em roteiro.
3-Se
você pudesse escolher apenas um, qual seria: Personagem, Trama ou
Tema? (outra pergunta injusta, mas é bom para saber o foco do
roteirista)
Doug:
Personagem, com certeza. Mas talvez você não tenha pensado nisso ao
ler um pouco do trabalho pesado que faço em relação à trama. Mas
sem personagens com os quais você possa se engajar por duas horas,
um filme pode ser uma experiência excruciante.
4-Um
filme americano para ser lido, relido e estudado.
Doug:
É uma lista longa, separada por gênero. E acredito que é uma
armadilha para um escritor sugerir apenas um. Acho que cada um deve
encontrar o filme que fale com você e estudá-lo de cabo a rabo.
Para mim, provavelmente citaria "O Poderoso Chefão 2". Não
me lembro de um filme que tenha visto mais vezes. E eu tiro alguma
coisa nova toda vez que vejo. Também estou assistindo "Fargo"
e "Onde os Fracos Não Tem Vez" para entender melhor como
construir tensão.
5-
Um filme
estrangeiro para ser lido, relido e estudado.
Doug:
De novo, "Era Uma Vez no Oeste". Especialmente a sequência
inicial com seu uso do "close-up" e de todo aquele som
feito na pós-produção. Além, é claro, de Jack Elam e aquela
mosca chata e maldita. Perfeito.
6-Escrevendo
uma cena, o que vem primeiro: uma imagem, um diálogo ou uma ação?
Na sua opinião, há uma hierarquia?
Doug:
Suponho
que depende da situação, do roteiro e da cena. Mas o que surge
geralmente é o diálogo, para ser trabalhado e reduzido. Tendo
trabalhado com muitos atores, você começa a perceber o que funciona
nas suas bocas. E tendo menos diálogo, mais eles podem trabalhar com suas
outras características. E é sempre um bônus. Então é o diálogo
que eu trabalho continuamente.
7-Qual
o maior número de tratamentos que você escreveu para um filme? Qual
era o problema com o roteiro?
Doug:
Não me lembro exatamente. Dez? Doze? Vinte? Com "Black
Water Transit" (que nunca foi produzido) eu tive que reescrever
várias vezes por mudanças na locação. E com "Duro de Matar
4" (depois chamado de "Live Free or Die Hard")
trabalhei por um bom número de versões. Isso por que aparecem
questões como, "Deveríamos fazer um Duro de Matar 4? Se sim, o
que o fará relevante? Importante para a franquia? De qualquer jeito,
eu nunca me dei conta que ninguém levava essas perguntas a sério a
não ser eu."
8-Quando
tem um bloqueio, o que faz?
Doug:
Não é comum. Às vezes fico bloqueado, mas tem mais a
ver com mudanças na trama que tenho que fazer enquanto escrevo.
Todos os escritores têm os seus truques. Para mim é andar de carro
por longas distâncias, ver um filme, uma caminhada silenciosa
sozinho por um campo de golfe, ou algo tão simples quanto tomar uma
ducha. Apenas tenho que me prevenir contra as contas da água quente.
9-Você
tem um "leitor de confiança"? Se sim, quem é e por que
o(a) escolheu?
Doug:
Sim. Minha mulher. Ela pode não ser a leitora mais articulada - ergo
entender estrutura narrativa etc. - mas ela vai me dar a resposta
mais rápida e honesta. Bom. Mau. Ou péssimo.
10-Você
tem o costume de fazer pesquisa? No que consiste a pesquisa?
Doug:
Conforme a necessidade. Se estou escrevendo sobre algo que sei pouco,
eu pesquiso bastante. Se estou escrevendo sobre algo familiar, é só
fazer a matemática.
11-Quanto
tempo você leva para ter a versão final de um roteiro? Se depende,
por favor, me dê um exemplo.
Doug:
Depende do roteiro. Por exemplo, eu trabalhei em uma comédia
romântica não muito tempo atrás. A ação era secundária. A parte
do romantismo, não havia muito. Isso me fez levar mais tempo por que
eu estava mais precavido. Mas geralmente eu levo de oito a dez
semanas para entregar uma versão. Não a versão final. Nenhum
roteiro acaba antes do filme estar pronto.
12-Quais
são as melhores e as piores características de um roteirista?
Doug:
Ética de trabalho, casca grossa, habilidade para ser flexível
enquanto reescreve um roteiro de novo e de novo enquanto luta para
manter o filme como o roteirista o imagina. O pior é basicamente o
contrário do que foi descrito.
13-Qual
a melhor "escola" para um roteirista? Qual foi a sua
"escola"?
Doug:
A escola da vida. A escola dos filmes. Fora isso, não acredito que
nenhuma escola possa ensinar roteiro. Há instituições que fornecem
lugares onde escritores possam aprender e praticar sua técnica, e o
melhor é que faz os escritores escreverem, aceitarem críticas para
que reescrevam e repitam tudo de novo. Minha escola? Eu cursei a USC
no tempo em que eles tinham um programa de roteiro de verdade . Era
apenas "filmmaking" (nota
do blog: USC é University of South California; hoje em dia há
outros cursos lá além dos relativos ao Audiovisual).
Um grande ambiente. Mas, de novo, tem que ser um lugar onde o artista
pode formar a si mesmo.
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