Leia o artigo abaixo. "Governo lança programa para destinar R$1,2 Bilhão à produção audiovisual".
Regozije-se. Tire a roupa e vá dançar pelado na rua. Estudantes do Audiovisual, vejam um horizonte lindo a sua frente. Profissionais do audiovisual, votem na Dilma.
Epa, quer dizer, que mente suja a minha pensar que esse ato de caridade é uma manobra eleitoreira, não? Devo ser muito cínico, preciso prestar mais atenção nas coisas belas da vida.
Só vou começar dizendo o seguinte. Desses 1,2 Bilhão, 300 milhões já estão disponíveis no programa "Cinema Perto de Você" e 400 milhões já foram anunciados no final do ano passado. Ou seja, o que há de novidade são esses 400 milhões que foram anunciados ontem. O título certo para o artigo seria "Governo destina mais 400 milhões à produção audiovisual". O problema é que nosso governantes são auxiliados por multimilionários marketeiros e isso não chamaria muita atenção.
O que chama atenção é você lançar um "programa" com um nome vistoso ("Brasil de Todas as Telas" é ótimo) e ao fazer isso, você junta todos os investimentos que já foram anunciados antes com o que você vai fazer agora, totalizando um montante muito mais bonito para se colocar numa manchete de jornal. E daí que a maior parte do dinheiro que você está "lançando" agora é algo que já foi lançado há sete meses atrás? O importante é fazer os olhos das crianças brilharem.
Ao ler o artigo, me vieram as seguintes perguntas:
Candidato em fim de mandato. Tremelicando nas pesquisas de opinião. Fazendo campanha. Libera dinheiro.
Engraçado, não? Esperou até o final do mandato para lançar esse "programa".
Minha pergunta: promessa de candidato doido por votos vale alguma coisa?
E não me venha dizer que não é promessa, é "programa", já que existem milhões de maneiras para fazer com que a liberação desse dinheiro, mesmo que já liberado (sim, é surreal, mas acompanhe meu raciocínio) não atinja os beneficiados. Ou demore muito tempo para atingir as pessoas, de uma forma que invalide toda a novidade do processo.
Já ouviram falar do "PAC"? Ou do "legado da Copa"?
E, tudo bem, mesmo que esse dinheiro seja realmente liberado.
Dinheiro para o Audiovisual tem sido muito mal gerenciado no decorrer dos últimos anos. Não visa RESULTADOS e sim apenas o beneficiamento dos Oligarcas do Audiovisual.
Junto com isso, distribuem-se esmolas às regiões carentes de produção, para que estes atuem como a "face triste" do audiovisual, que foi salva pela política vigente.
E qualquer pessoa que aponte os erros crassos do que está sendo feito vira automaticamente "inimigo do povo".
Tenho que admitir: a estratégia de como "calar a boca" é boa. Mas tem perna curta. Com o tempo, a bolha explode e ficam o choro e as lágrimas de quem não viu o que era óbvio.
Bem, espero estar enganado. Mas geralmente - confira os outros posts sobre política audiovisual que fiz - não estou.
O problema não é ficar soltando dinheiro como manobra eleitoreira e sim ter um programa REAL de viabilização do audiovisual brasileiro a longo prazo. E isso, nem de longe nós temos. O que temos é a demagogia de sempre. Alguns soltam dinheiro e outros prendem, mas trabalho com estatísticas, pesquisa, metas e planos traçados com inteligência e firmeza, parece que nunca vamos ver nesse país.
Mas tudo bem, por ora ainda podemos dançar sobre os cadáveres do bom senso e da lucidez.
Governo lança programa para destinar R$ 1,2 bilhão à produção audiovisual
Paulo Victor Chagas
Da Agência Brasil
Da Agência Brasil
A presidenta Dilma Rousseff lançou nesta terça (1º) o Programa Brasil de Todas as Telas, que, segundo ela, é a maior iniciativa de desenvolvimento do setor audiovisual do Brasil, pelo volume de recursos, de R$ 1,2 bilhão. A partir de quarta (2), estarão disponíveis R$ 400 milhões para ações que vão fomentar a produção de obras cinematográficas nacionais, a capacitação profissional e a implantação de novas salas de cinema.
Durante a solenidade, Dilma assinou decreto que pretende desburocratizar os processos de seleção e de contratação de produtoras audiovisuais e disse que as medidas vão fortalecer a indústria audiovisual.
De acordo com o diretor-presidente da Agência Nacional do Cinema (Ancine), Manoel Rangel, além dos recursos anunciados hoje, R$ 310 milhões estão disponíveis para o programa Cinema Perto de Você, que se juntarão a R$ 413 milhões de recursos já anunciados no final do ano passado, totalizando o R$ 1,2 bilhão de investimentos no programa.
Os recursos podem ser aplicados na criação de novos processos de seleção para produtoras qualificarem projetos e criarem novos conteúdos audiovisuais. Segundo Rangel, esse primeiro objetivo vai permitir a criação de 450 novos projetos para cinema e TV e de 54 núcleos de criação em todas as regiões do país. O programa também tem como meta a produção de 300 filmes longas-metragens e 400 obras para televisão, num total de duas mil horas de conteúdo para todas as plataformas de exibição.
Para o cineasta Roberto Moreira, representante da indústria cinematográfica no Comitê Gestor do Fundo Setorial do Audiovisual, a vocação do programa é acolher a diversidade e incentivar o setor tanto para o pequeno quanto para o grande produtor. "A maior ambição é justamente favorecer esse diálogo entre as produtoras de audiovisual e seu público. Em última instância, trata-se de criar imagens nas quais a sociedade se reconhece e se discute", disse.
"A partir de hoje, qualquer estado brasileiro, em especial os do Norte, Nordeste e do Centro-Oeste, têm mecanismos para garantir uma produção própria, o mesmo podemos dizer das emissoras públicas de todo país. Só não vai produzir quem não quiser", avaliou.
Para os profissionais, serão criadas bolsas de capacitação, pesquisa e produção, com duração de até dois anos, nos campos técnico-operacional, gestão e negócios, e criação e dramaturgia. De acordo com o diretor-presidente da Ancine, a parceria com o Ministério da Educação vai permitir a criação de 20 novos cursos em 12 capitais e matricular mais de cinco mil estudantes, por meio do Programa Nacional de Acesso ao Ensino Técnico e Emprego (Pronatec) Audiovisual.
Uma das linhas de financiamento vai abarcar a rede pública de televisão. A Linha de Produção de Conteúdos destinados às TVs Públicas terá R$ 60 milhões para o fomento de produções regionais independentes, e será administrada pela Empresa Brasil de Comunicação (EBC). De acordo com o diretor-geral da empresa, Eduardo Castro, o valor será distribuído igualmente entre as cinco regiões do país. "É uma grande ação em conjunto, que reforça a regionalização, o relacionamento com as produtoras independentes, e traz produção inédita para a rede pública em quantidade muito interessante, que pode chegar a 300 horas de programação por ano", afirmou. Segundo Castro, as produções já poderão ser vistas nas emissoras públicas, como a TV Brasil, a partir de 2015.
O programa também vai implantar novas salas de cinema e modernizar as existentes. No Ceará, por exemplo, 16 salas de cinema serão implantadas em oito municípios do interior. De acordo com o Secretaria de Cultura do estado, R$ 20 milhões serão investidos nas novas salas para reduzir a desigualdade no acesso a cinema entre a capital e as cidades do interior.
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